A ciência da tomada de decisão econômica sob condições de incerteza.
Toda decisão financeira gira em torno da relação entre:
Para tornar os conceitos abstratos mais concretos, vamos analisar um dilema de investimento comum.
Ativo Financeiro | vs. | Ativo Real |
---|---|---|
Renda Fixa (ex: CDB) | Imóvel (ex: Apartamento) |
Liquidez é a capacidade de um ativo ser convertido em dinheiro rapidamente e sem perda significativa de valor.
A iliquidez é uma forma de risco. Ela aprisiona o capital e gera um custo de oportunidade.
Característica | Renda Fixa (ex: CDB) | Imóvel (Residencial) |
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Perfil de Retorno | Primariamente Juros | Aluguel & Ganho de Capital |
Previsibilidade | Alta (Contratual) | Baixa (Mercado) |
Garantia | FGC (sem custo direto) | Inexistente (Seguro é custo) |
Liquidez | Alta | Muito Baixa |
Custos | Insignificantes | Significativos e contínuos |
Fluxo de Caixa | Confiável | Risco de interrupção |
Perfil de Risco | Menor | Maior |
Como um investidor “racional” escolhe entre diferentes ativos? Vamos usar um modelo simples com 3 ativos hipotéticos: A, B e C.
Ativo | Risco Esperado | Retorno Esperado |
---|---|---|
A | X | 10% |
B | Y (>X) | 15% |
C | X | 15% |
A máxima popular “quanto maior o risco, maior o retorno” é uma simplificação…
A formulação correta é:
Um maior retorno esperado é exigido como compensação por um maior risco percebido.
E quando não há dominância?
Aqui temos um trade-off real. A escolha depende do perfil de investidor.
A diferença de retorno (15\% - 10\% = 5\%) é o prêmio pelo risco: o retorno adicional que o investidor exige para aceitar o risco extra do Ativo B.
O que acontece se um investidor escolhe o Ativo A (dominado) em vez do Ativo C (dominante)?
Custo de Oportunidade é o valor da melhor alternativa preterida entre opções com um perfil de risco comparável.
A frase-chave é: “de igual risco”.
Comparar o retorno de um imóvel com o a renda fixa pode ser um erro.
O conceito de custo de oportunidade ajustado pelo risco é fundamental para decisões financeiras racionais. Ele evita comparações inadequadas entre ativos com perfis de risco distintos.
Princípio fundamental:
R$ 1.000 hoje valem mais do que R$ 1.000 daqui a um ano.
Por quê?
Inflação: O aumento dos preços corrói o poder de compra do dinheiro. Com R$ 1.000, você compra menos coisas no futuro.
Custo de Oportunidade: R$ 1.000 hoje podem ser investidos para se tornarem mais de R$ 1.000 no futuro. Deixar de receber hoje significa perder esse potencial de ganho.
A taxa de juros é o “preço do dinheiro”. Ela representa o custo de oportunidade de deter dinheiro.
É a compensação exigida para:
A taxa de juros é um dos “insumos” principais das finanças.
O montante é o capital inicial mais os juros acumulados. M = C + J
O montante pode ser calculado diretamente a partir do capital. M = C \times (1 + i)^n
Uma ferramenta visual para representar problemas financeiros.
Convenção Universal:
Foco no Caixa: Matemática financeira usa o regime de caixa (quando o dinheiro entra/sai), não o de competência da contabilidade (quando a venda ocorre).
Alinhamento Taxa-Período: A taxa (i) e o prazo (n) devem estar sempre na mesma unidade de tempo (ex: taxa ao mês, prazo em meses).
Forma Unitária: Nas fórmulas, a taxa de juros entra como decimal (12% = 0,12).
Uma resposta comum: Maximizar o Lucro.
Por que essa resposta é insuficiente?
O objetivo correto é maximizar a riqueza dos acionistas, o que é medido pelo valor de mercado de suas ações.
A visão de que a empresa deve servir a todos os stakeholders é mais forte em países como Alemanha e Japão.
A busca pela maximização da riqueza do acionista, no longo prazo, geralmente beneficia também os stakeholders (gera empregos, produtos de qualidade, etc.).
O administrador financeiro lida com duas questões fundamentais, refletidas no balanço patrimonial:
A contabilidade usa o regime de competência (reconhece a receita na venda). Finanças foca no regime de caixa (quando o dinheiro efetivamente entra ou sai).
Exemplo: Uma empresa vende um produto por R$120 (custo R$100) a prazo. - Visão Contábil: Lucro de R$20. - Visão Financeira: Fluxo de Caixa de -R$100 (se o custo foi pago) até o recebimento do cliente.
Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas são dirigidas e controladas.
Ocorre quando os interesses do agente (administrador) não estão alinhados com os do principal (acionista).
A natureza do principal conflito de agência varia com a estrutura de propriedade:
Como alinhar os interesses e reduzir os custos de agência?
Teoria da Utilidade: Investidores não maximizam apenas o retorno, mas a “utilidade” (satisfação). Isso explica por que diferentes pessoas têm diferentes apetites por risco (aversão, neutralidade ou propensão ao risco).
Hipótese de Mercados Eficientes (Fama): Em um mercado eficiente, os preços dos ativos refletem instantaneamente toda a informação disponível. Consequência: é extremamente difícil “bater o mercado” de forma consistente.
Teoria do Portfólio (Markowitz): O risco de um ativo não deve ser visto de forma isolada, mas por sua contribuição ao risco total de uma carteira. A diversificação é a chave para reduzir o risco sem sacrificar o retorno.
Teoria de Precificação por Arbitragem (APT - Ross): Um modelo alternativo ao CAPM que afirma que o retorno de um ativo pode ser previsto usando a relação entre o ativo e múltiplos fatores de risco comuns (ex: inflação, produção industrial).
Finanças Comportamentais (Kahneman & Tversky): Contraponto à racionalidade total. Estuda como vieses psicológicos (ex: excesso de confiança, aversão à perda) afetam as decisões dos investidores e podem criar anomalias no mercado.
FCCP | Introdução